Os frutos da Floresta de Dionísia

on sexta-feira, 28 de maio de 2010

“Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres de Atenas

Vivem pros seus maridos

Orgulho e raça de Atenas”
                                                                                                                                
As figuras femininas subservientes assim foram entoadas por Chico Buarque e Augusto Boal em Mulheres de Atenas. Dando um tom de alerta, não sejamos mitos, não existe supremacia masculina, sejamos verdadeiramente mulheres. Longe da Grécia, houve uma Dionísia à frente do seu tempo, Nísia Floresta - pseudônimo literário, orgulho e raça do Brasil. Nascida em 1810, talvez batizada por um sopro advindo dos “deuses” sob o feminino de Dionísio, nome do pai, nome da filha; era um costume de época.

No imaginário, o Dionísio grego ou o Baco romano é a figura das festas e orgias, único deus filho de uma mortal. Divindade da vegetação, principalmente árvores frutíferas, apaixonou-se pela cultura das uvas. Percorreu a Terra como errante e, nessa longa jornada, mostrou aos mortais como cultivar as videiras e  preparar o vinho. Certa vez amou e foi amado, mas perdeu a sua Ariadne. Ele morria a cada inverno e renascia na primavera. Para seus seguidores, esse renascimento cíclico simbolizava a promessa da ressurreição. De volta ao Olimpo, o regente do êxtase e do entusiasmo levava alegria e felicidade por toda a Grécia onde também era considerado protetor das belas artes. 

Já a nossa Dionísia, deixou para trás as “cadenas”, abraçou a luta feminista e outras batalhas que encontrou em sua jornada. De Dionísio, ela carrega a força de um nome inspirador, mais que videiras, tamanha Floresta. Mulher mortal, imortal na verdade dos fatos. Também percorreu a Terra educando; extraindo da dor poesia e publicando os seus primeiros artigos abordando a condição feminina e comparando-a com diversas culturas da Antigüidade. Percorria o mundo, mas sempre voltava ao seu Olimpo, o Brasil. 

Perdeu dois grandes homens de sua vida: O seu  inspirador pai herói e o seu fiel companheiro Manuel Augusto, ambos em determinados agostos. Mês criado pelos antigos romanos para homenagear Augusto, filho adotivo de Júlio César, coincidência ou não, ao longo da História, o agosto vem marcando acontecimentos trágicos, daí vem o termo “agosto, mês do desgosto” e Nísia declaradamente odiava esse mês, apesar de, ironicamente, ter o seu próprio e amado filho Augusto.

Pois, entre suas augustas realizações, dirigiu uma instituição de ensino de mesmo nome, o Colégio Augusto, pressupondo que o sofrimento não  é exatamente o "x" da questão, talvez um sutil teorema, uma questão de ângulo. A educadora teve como bandeira em suas metas de instrução corrigir erros seculares da formação educacional da mulher. “Salve símbolo augusto da paz, tua nobre presença a lembrança, a grandeza da Pátria nos traz”.  

A mulher brasileira de hoje nasceu da ousadia de Nísia Floresta, ora bem dito, “a fantasia impulsiona tudo cem por cento, quem sabe, um pouco mais. Não existem fronteiras nem escudo nos sonhos loucos e monumentais”. A mulher de hoje revê seus papéis, a luta atual ainda implica dissipar padrões contraproducentes, desfazer mitos, refazer a dualidade entre doçura e fortaleza. Mas também há outros contornos, o de ser mulher e ser profissional, duelar com o pós-modernismo e poder sair de uma experiência amorosa deixando um recado no espelho escrito com batom carmim cor-de-Pagu.

No Brasil, o voto feminino só foi reconhecido em 1932. O impacto do movimento feminista e o pioneirismo de Nísia Floresta são responsáveis pelo avanço lento, mas legítimo e com condições de oferecer mudanças no pensamento da sociedade. Algumas políticas públicas têm contribuído para a transformação da condição social das mulheres nas últimas décadas. Em eleições passadas, os cidadãos elegeram a maior bancada feminina da história política brasileira.

Ao contrário do mitológico Dionísio, nossa Nísia Floresta jamais precisou morrer no inverno para renascer nas flores de ilustre pensadora, idealista, autodidata, revolucionária, jornalista, abolicionista, republicana, positivista, educadora, poetisa, feminista, ufanista, indigenista, libertária, principalmente, mãe. Do ventre materno, dois filhos; das mamas, o primeiro alimento; dos pensamentos de mulher, “Conselhos à minha filha”, livro dedicado à sua filha Lívia, obra de destaque de mãe para filhas e filhas das mães.

Não se sabe se na época de Nísia ainda era costume o aluno, inocentemente, levar uma maçã para o professor, tal alimento que ganhou fama de fruto proibido. Mas sabe-se que nos campos de Nísia “o despotismo ordenado pela religião não devia censurar a falta de uma educação esclarecida sem a qual mais facilmente os homens se submetem ao absolutismo de seus governantes”.

Entre mitos e lendas, conta-se que os olhos arrancados do pequeno índio Aguiry, morto por Jurupari quando colhia frutas e perdeu-se em uma floresta, foram plantados por ordem de Tupã, dando origem a uma planta que deixaria mais fortes e felizes aqueles que a comessem. A planta possui as sementes em forma de olhos, recebendo o nome de Guaraná.

O que se sabe é que os indígenas brasileiros eram nômades e Dionísia cidadã do mundo. Eles conheciam as trilhas da floresta, habilidade imprescindível quando se quer fugir, portanto, não eram facilmente escravizados. E Floresta conhecia as trilhas do conhecimento, ferramenta poderosa contra as injustiças, pois, “se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta”.

Mas as páginas sobretudo tristes da nossa História contam que os negros eram facilmente escravizados. Eles já conheciam tal sujeição e o que lhes restava era o banzo, sentimento de saudade, saudade que muitos acreditam só existir na Língua Portuguesa. "As dores morais passam desapercebidas nas habitações do branco". E o banzo, muito mais forte do que as chibatas, matava de uma dor de sangrar peito. Do fruto do dendê, uma das tantas heranças africanas, o azeite, “unção de tua gratidão*”, a esse país que não recebeu seus irmãos de braços abertos, mas com cadenas em punhos e calcanhares de aquiles. A seu tempo lhes concedeu a liberdade e, ora pois, do mesmo modo desamparou indesejados herdeiros das injustiças sociais.

O que se sabe é que os frutos da Floresta de Nísia são cultivados até hoje e para os seus seguidores este renascimento cíclico personifica a luta em prol dos Direitos e contra as injustiças dos Homens. Abre-alas do entusiasmo, Nísia Floresta levava em seu cortejo “aqui sob esta abóbada” “opúsculo humanitário”, onde era considerada protetora das causas justas.

*Referência ao Pixinguinha, extraída da canção "Rosa". 

Links afins:   
Projeto Memória

Contando um conto sem aumentar um ponto

on domingo, 23 de maio de 2010

Ontem, eu estava aguardando o ônibus num ponto movimentado e, para me distrair, escutava “Bohemian Rhapsody”. Costumo levar o meu aparelhinho e ouvir aleatoriamente os 2 GB de música disponíveis, pois, tocava “Galileo, Galileo, Figaro – magnífico”, quando repentinamente apareceu um bêbado exibindo suas próprias e etílicas rapsódias. 

Em meio aos discursos acalorados e versos desconexos, sem a pretensão de ser cover do Bruce Springsteen, eis que ele ergue o braço com sua garrafa de aguardente em punho e grita:

- “Born in the USA”!

Eu não tive dúvida, arranquei os foninhos do ouvido para prestar a atenção e tentar desvendar aquela figura. 

- Eu sou americano interplanetário! – falou em voz alta.

Pensei: Está de fogo mesmo! Depois de ensaiar aquela pose de Estátua da liberdade, foi direto para a NASA e embarcou no primeiro foguete. Talvez esteja em uma missão importante conferindo se Galileu tinha ou não razão. Talvez ele veja tudo em dose dupla, duas Terras, inúmeros anéis de Saturno, via láctea ou por  via das dúvidas, ele deve viajar um bocado. Tendo em vista a circunstância,  do meu observatório, presumi que ele estivesse em seu ponto final e senti dó. 

- Pensando melhor, eu sou inglês. How are you? – desafiou-me a conversar em outra língua.

Hum, de dó passei para a marcha ré, pois, fui obrigada a confessar:

- Sorry, I don't speak much english.

Ele começou a falar da Inglaterra e notei que era dotado de muitos conhecimentos. De repente, ele apontou para uma moça de longas madeixas e afirmou:

- Eu já tive cabelos assim!

Diante de tamanho ponto de exclamação, interroguei: 

- Você é roqueiro? 

Dois pontos: Remetendo-me ao hino do Reino Unido, além de Sex Pistols, o homem bradou:

- God Save the Queen! 

A essa altura, muita gente já tentava despachá-lo para outras paragens até que alguém disse:

- Se você andar naquela direção vai encontrar o Obama.

Ele nem pestanejou e disparou:

- Obama ou Osama? Não importa, duvido encontrar um dos dois na Grã-Bretanha tomando chá com a rainha. To em outra, brothers!

Foi quando uma troupe começou a testar seus conhecimentos numa interminável sabatina:

- Qual a capital da Inglaterra?

- Londres, of course!

- Qual a capital do Chile?

- Santiago, por supuesto!

- Qual a capital da Alemanha?

Seguiu-se uma pausa mais longa que a da vírgula, entretanto, menor que a do ponto. Enfim, a resposta:

- Não é Frankfurt, nem Hamburgo, nem Hannover, nem Sttutgart, hein? Pensaram que iriam me enrolar? Bom, Bonn também não. Ah! “Mas essa cidade é tão imensa, não sei seu nome, nem como lhe chamar”, everybody: “Linda garota de Berlim”... Agora é com vocês: Linda garo... - (recorrendo ao rock do Supla e gesticulando para animar o público ao seu redor).

Ao término do concerto, eu perguntei se ele havia estudado e me surpreendi ainda mais:

- Sou formado em comunicação.

Resolvi apurar melhor:

- Você se comunica muito bem por sinal, mas é formado em Comunicação Social?

- Graduado pela Unisantos e pós-graduado pela Unisanta. – confirmou.

Foi o meu momento ponto e vírgula. O ônibus estava vindo e só deu tempo de tirar uma última dúvida:

- Qual o seu nome?

- Harry… Harry Potter – pingou a resposta em seu melhor estilo agente secreto.

A crônica do antecipatório

on sexta-feira, 21 de maio de 2010


Tem gente que "tarda, mas não falha". Eu e uma multidão deixamos para a última hora a prevenção contra a influenza, que para a turma dos trintões acaba hoje. Sempre que eu olho para uma fila gigante, eu não penso duas vezes, me antecipo em cair fora. Mas é humanamente possível entreter-se em um lugar apertado com um impaciente atrás do outro.                                                                                                                                                            
Logo de cara, eu fui expulsa por um auxiliar de enfermagem. Ele antecipou-se em dizer que a campanha era só para quem tem de 30 a 39 anos.  Eu não estava usando uma camiseta da Hello Kitty ou adereços coloridos nos cabelos. Estava no meu sóbrio terninho preto, que deixava transparecer uma blusinha pink, mas discreta. Rindo muito, não falei nada, apenas mostrei o meu documento que acusa os meus 38 anos de idade e assim fui orientada a ficar, inclusive, não deixar de me proteger porque essa gripe mata mesmo.

Há tanto tempo eu fugia das fileiras, pois, nem me lembrava da diversão garantida que é assistir gente tentando desesperadamente provar que sua urgência é ainda mais urgente que a dos outros apressados. A desenfreada busca por atendimento antecipado é sempre um implora daqui, argumenta de lá e, no final das contas, quando o cidadão resolve ingressar na fila ela já está bem maior, o que implica em ficar ainda mais para trás na sua importante das mais importantes vidas turbulentas. 

Eu estava atrasada para um compromisso na prefeitura. Dirigi-me até a organizadora desse longo e tenebroso alinhamento, para não dizer trincheira, e perguntei se ela sabia qual o posto mais próximo do paço municipal para eu receber a minha dose. Pensei em pedir a minha com vodca, mas fui direto ao ponto, só queria um endereço para decidir se aguardaria ali ou pegaria a condução para o centro da cidade, tentando ganhar tempo fazendo tudo num lugar só.

Mas a servidora perguntou-me se eu trabalhava na prefeitura e respondi que sim. Ela passou a me tratar como colega e percebi que, dependendo da minha função, eu seria conduzida ao primeiro lugar da fila, passando à frente de toda aquela gente da agenda lotada. Insisti no endereço e ela em especular se eu era alguém ou “maria ninguém”. 

Eu não disse o meu cargo, limitei-me a dizer o meu local de trabalho, porém, quando notei que receberia tratamento especial por trabalhar num lugar, digamos, muito relevante, eu não hesitei em tentar voltar rapidinho para a tamanha fila. O hilário é que, mal sabe a colega, estou justamente tentando uma transferência para um setor mais pacato e uma de minhas preferências é exatamente o posto que ela trabalha. Certamente, ela me acharia uma louca se eu contasse isso.

Antes que ela tivesse a oportunidade de me passar na frente, talvez até estendendo um tapete vermelho, uma senhora de aparência bastante distinta aproximou-se e, sem mais nem menos, antecipou-se em exigir que a filha fosse atendida. "Bateu boca" com a funcionária enquanto a jovem de olhar perdido ficou estática. Toda vez que eu tentava sair à francesa, elas me puxavam pelo braço para que eu arbitrasse o duelo. 

O problema principal, sussurrado pela mãe da moça, era ela ser autista, por isso, merecedora da vacina. E a questão intransponível gritada pela servidora pública da unidade de saúde era que a vacinação não estava destinada  aos autistas, mas a quem estivesse “dentro do calendário”, o que, teoricamente, excluiria aquela pessoa. Embaraçoso, pois, a mãe da jovem já chegou ao lugar na defensiva e a servidora poderia ter se antecipado em fazer uma perguntinha básica: Qual a idade, não da autista, mas da mulher que estava ali para ser vacinada? Com 33 anos de idade, a filha da, ali naquele contexto, senhora rebelde sem causa pôde entrar na fila e receber a proteção contra a influenza.

Ao encerrar minhas atividades apaziguadoras, eu retornei ao meu lugar na fila, dispensando quaisquer magnanimidades da coleguinha seletiva. Em minha devida posição, conheci Giovana, uma calma menininha de uns 6 anos que não parava de rir um só instante. Obviamente, ela não estava nem aí para filas, injeções, pressas, antecipações de acontecimentos e preconceitos bilaterais. Atrás de mim, um garoto de uns 10 anos estava agarrado à mãe com todas as suas forças e chorando sem parar. Excessivamente amedrontado! Imaginei o quanto ele daria trabalho para tomar essa tal de vacina, que não era de gotinha. 

A fila foi andando, eu mudei de posição, fiquei de lado. Ora eu ria com Giovana , ora eu consolava o pobre menino. Chegando a nossa vez, Giovana mal olhou para a seringa e abriu o berreiro, contrariando a minha previsão de menina tranquila para o que der e vier. Levei a minha agulhada e aguardei o garoto para me despedir. Primeiro ele arregalou os olhos para mim. Eu sorri pra ele. A enfermeira aplicou a injeção e ele começou a gargalhar sem parar, opondo-se a minha adiantada certeza de que ele sofreria até se livrar daquilo. Eu devia ter antecipado a minha ida ao posto de vacinação, entretanto, não poderia perder essa fila por nada.

Prêmio da Realeza

on quinta-feira, 20 de maio de 2010

É chegado o momento de revelar que cheguei ao topo. Não, não ao topo do Dihitt, mas bons ventos me conduziram ao imenso coração da realeza, Príncipe como é conhecido, Nobreza como eu gosto de chamá-lo. A previsão é de nuvens carregadas, carregadas de afeto em clima de amizade real. Eu agradeço, de coração, ser uma das indicadas para receber do Mensagem para nós dois um selo tão bonito que eleva blogs como o Gostos e desgostos ao encantamento de seguir na missão de comunicar.         
                                                                                                                               
Por falar em comunicar, faz parte da celebração escolher mais 10 blogs - 5 de meninas, 5 de meninos. Como sempre, eu espero conseguir encontrar os que ainda não tenham sido contemplados. Peço licença ao nobre Príncipe , certa de que conto com a aprovação dele, para estender a homenagem ao professor Mauro Viana do blog  Esporte é Saúde. Vamos aos demais indicados: 

Amigos indicados: Por gentileza, não esqueçam de avisar quando fizerem a sua postagem e, principalmente, avisarem aos que vocês escolherem para também receberem o selo.

Não vou fazer outras 10 indicações, pois, desejo que todos os contemplados tenham a mesma satisfação que eu tive de poder escolher 10 blogs admirados e queridos. Mas não posso deixar de relatar que fui indicada também pela linda Marcia Pinho, autora do blog Mamãe recomenda. Lisonjeada, agradeço imensamente.  Desejo sucesso e felicidade a todos que fazem parte dessa corrente do bem.

"Mementrevista"

on quarta-feira, 19 de maio de 2010

O Marivan, essa pessoa adorável e de bem com a vida que tenho o maior orgulho de chamar de amigo, me repassou um novo meme. Dessa vez, a missão é responder algumas questões e indicar mais 6 amigos para prosseguirem nessa corrente dihittiana.

 Entrevista:                                                                                                                                                         


O dia mais belo? 21/02/2008 – nascimento "apressadinho" do meu afilhado Guilherme .

A coisa mais fácil? Sonhar.

O maior obstáculo? Obstáculos? “A fé remove montanhas”.

O maior erro? Erro não se mede por comprimento, mas por quantidade. Errei muitas vezes.

A distração mais bela? Ouvir música apreciando a natureza.

A pior derrota? Não ter sido amiga do meu pai antes de ele partir.

Os melhores professores? Os dias vividos.

A primeira necessidade? O+H2O

O que mais lhe faz feliz? Superar.

O maior mistério? A depressão numa pessoa feliz e a síndrome do pânico em quem não tem medo de ter medo.

O pior defeito? Fumar.

A pessoa mais perigosa? A hipócrita.

O sentimento pior? A ira.

O presente mais belo? Quem virá à luz em dezembro e um dia vai me chamar de titia.

O mais imprescindível? Amigos leais.

A rota mais certa? O amor.

A sensação mais agradável? A paz de espírito.

A proteção efetiva? Ontem, hoje e para sempre, a minha mãe.

O melhor remédio? Sorrir.

A maior satisfação? Ter sonhos e por eles aprender a me reinventar.

A força mais potente do mundo? Deus .

As pessoas mais necessárias? Família.

A mais bela de todas as coisas? “Viver e não ter a vergonha de ser feliz”.
 
É isso!

Como muita gente já participou desse meme, eu espero não estar sendo repetitiva. Os seis convidados são:


Albano - http://salbano.blogspot.com/

Cecília Avenca - http://cecil.dihitt.com.br/

Erich - http://algunstrintaanos.blogspot.com/

Giseti Marques - http://www.dihitt.com.br/Giseti/

Joel Loureiro Correia - http://365diasparati.blogspot.com/

Marco Aurélio - http://sozinho.dihitt.com.br/

Regrinhas:

Blogar o seu meme respondendo as mesmas perguntas;

Repassar para 6 outros amigos e avisar cada um deles;

Colocar na sua postagem o link de cada indicado.

OBS: Quem desejar participar e preferir ou não tiver blog pode usar o próprio dihitt para criar o meme.

Entre louros e aranhas, o tempero é rock´n roll

on domingo, 16 de maio de 2010

Quando Raul resolve tentar tocar violão, Tereza corre para as panelas. Ela não tem a intenção de desestimular o marido, porém, os exercícios musicais são difíceis tanto para quem executa quanto para quem não tem outra opção senão ouvir. Além do mais, ela relaxa enquanto prepara os alimentos, cozinha por gosto. E "ai" de quem dá pitaco em seus quitutes! Raul, pleno de seu juízo, jamais interrompe tal meditação culinária. A não ser que seja requisitado, geralmente para levar o lixo até a rua ou matar baratas e outros bichos sem estimação.                                      

- É uma aranha sim – explicou a mulher.

- Cadê, Tereza? Não, não é. Você confundiu com um chumaço de louro – retrucou o marido.

- Então eu ia confundir aranha com louro?  - revidou a esposa.

- Você tem razão, Tereza. Agora achei a aranha.

- Então mata! - implorou a mulher.

- Não posso - confessou o esposo.

- Como não pode? - pasmou Tereza.

- Meu pai sempre dizia que não se deve matar aranhas - esclareceu Raul.

- Por quê? - indagou a esposa.

- Não sei o porquê, mas se eu matar vou me sentir culpado - esmoreceu o marido.

- Se não sabe o porquê vai sentir culpa de que? - enraiveceu Tereza.

- Ah, acabei de me lembrar! É porque elas comem insetos - aliviou-se o marido.

- Mas não tem nenhum inseto aqui! Mata logo! - impacientou-se a mulher.

- Não tem inseto aqui justamente porque tem uma aranha - gabou-se Raul.

- Eu prefiro os insetos do que a aranha - choramingou a esposa.

- Mas podemos atrapalhar a cadeia alimentar - instruiu o marido.

- Cadeia alimentar na nossa cozinha? Isso é sério? - ironizou Tereza.

- Coisa que pai fala sempre é séria - declarou Raul, cheio de convicção.

Raul jamais conseguiu contrariar o pai, nem depois de perdê-lo para um infarto fulminante. O violão foi herança do velho. Perdido em sua nostalgia, ele já ia se esquecendo de Tereza e seu problema doméstico.

- Então arranja uma formiga pra comer a aranha. Tem um monte aí na mesa – apontou a mulher.

- Formiga? Do tipo gigante? – perguntou o marido, rindo.

- Minha mãe sempre dizia que formiga come aranha. Não sei, de repente se a aranha estiver cambaleante a formiga dá conta – tentou argumentar a esposa.

Tereza lembrou-se da praticidade, muitas vezes hilária, de sua mãe. A dona Celeste tinha resposta para tudo, das mais sábias às mais descabidas. No final das contas, ela sempre elogiava o marido, numa espécie de psicologia conjugal. E seu Onofre, sentindo-se poderoso, resolvia os perrengues. Talvez isso funcionasse com Raulzito.

- Mas formiga não é inseto? Você disse que não havia insetos aqui! – queixou-se o marido.

- E você, sabichão, disse que a aranha garantia a ausência deles. Agora que a aranha não tem mais função na cadeia alimentar da nossa cozinha, toca essa aranha daqui. Toca, Raul! Toca, Raul!

A música que me toca

on sexta-feira, 14 de maio de 2010

Na trilha dos memes, fui escolhida pela querida amiga Leila Franca para falar de “uma música que me acompanha”. A saborosa missão é dizer o que a música da minha vida me faz sentir quando a ouço.
"Cantiga por Luciana", "foi tanto tempo que nem sei", serviu de inspiração para os meus pais escolherem o meu nome. Eu nasci e cresci num ambiente musical. Ouvindo de tudo, aprendi a admirar de Nora Ney a Pena Branca e Xavantinho, de Rita Lee a Trini Lopez, desde sempre. Obviamente, eu curti Balão Mágico na infância. Mas em termos de música, eu acho que sempre fui gente grande.                                                

Lembro que quando o meu amado avô Antônio morreu, a minha mãe não conseguia mais cantar e tocar ao piano “Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo”, de Roberto Carlos. A ausência do meu avô e essa emoção da minha mãe foi um momento bastante marcante na minha vida.
Na adolescência, eu adorava todos os hits nacionais e internacionais dos anos 80, até Menudo entra nessa lista, aliás, o meu favorito era o Ray. Só anos mais tarde conheci outro Ray, o Ray Charles. Entre gostos e maus gostos, eu frequentava uns encontros no quintal do amigo Nelsinho onde se tocava muita bossa nova. Ao mesmo tempo eu freqüentava as serestas, os sambões e os shows de rock´n roll.
Nos anos 90, eu comecei a me ligar também em reggae e fiquei fascinada pela história do ska.
Criado na Jamaica no início dos anos 50, o ska surgiu de uma combinação de elementos do calypso da América Central e do mento (música folclórica jamaicana), com o jazz e o rhythm and blues norte-americano. O estilo musical foi um precursor do rocksteady e mais tarde do reggae.  Fonte: http://radio.musica.uol.com.br/ondaslatinas/2008/05/28/ult4117u328.jhtm
O Ska é a legítima identidade musical do povo jamaicano. Mas pra mim foi surpreendente ver fotografias do Bob Marley em ternos e gravatas. Sei como foi a trajetória do ska até o reggae, porém, até hoje me pergunto: Como foi a troca de roupa mesmo?  Entre todas de Bob Marley, destaco "Redemption Song", uma ode à liberdade.
Nos anos 2000, eu mergulhei nas gaitas e no blues. Eu e dois amigos - Rodrigo Morenno e Paulinho - fundamos um grupo de gaitistas e criamos o Blues Beer Festival, na baixada santista. Além do evento anual, as Jam sessions na casa do Morenno eram sempre animadas por "Before You Accuse Me" e "Mustang Sally". Ainda nessa época, eu fui mais fundo no rock e incluí nas minhas playlists o Pixies.
Eis um resumo da minha viagem sonora. Eis que no meio disso tudo, a canção que faz o meu coração bater mais forte é "Felicidade", de Lupicínio Rodrigues. É a recordação mais forte de meu pai tocando o seu acordeon acompanhado de minha mãe cantando e tocando o seu piano. Jamais vou esquecer, em meio ao apesar dos pesares, o encontro daqueles olhares tocados nessa canção.
Felicidade foi-se embora
E a saudade no meu peito
Ainda mora e é por isso que eu gosto
Lá de fora, onde sei que a falsidade
Não vigora
A minha casa fica lá detrás do mundo
Onde eu vou em um segundo
Quando começo a cantar
E o pensamento parece uma coisa à toa
Mas como é que a gente voa
Quando começo a pensar
 


Repasso esse belíssimo meme aos queridos dihittianos:

Sunshine Award

on terça-feira, 11 de maio de 2010

O "Gostos e desgostos" ganhou o seu primeiro selo, o Sunshine Award. A indicação é motivo de muita alegria, pois, veio através do "Blog da Comentarista" de Denize Oliveira. Gaúcha, cheia de personalidade, criada dentro de uma biblioteca, uma mulher fascinante que iluminou esse pedacinho da blogosfera com um caloroso raio de sol.  

Obrigada, Denize!                                                     

O presente inclui a honra de poder estender a homenagem. Difícil é escolher apenas 12 trabalhos na imensidão da blogosfera. Seguem as minhas indicações (não necessariamente nessa ordem) e breves comentários:



Eu não vou indicar outros 12 blogs, porém, estou honrada em relatar que o Gostos e desgostos recebeu hoje, em 26 de maio, sua 2ª indicação para esse selo. A querida Cecília Avenca do Sentimentos e Pensamentos, "um lugar para quem sente mas também pensa", pensou, vejam vocês, pensou em mim ao escolher os seus indicados. Só posso sentir muito orgulho e alegria, pois, tenho profunda admiração por essa moça que gosta de ouvir o canto dos pássaros e acredita na força do amor.

Obrigada, Cecil!


Hoje, domingo, 30 de maio, volto para registrar a 3ª indicação desse blog para mérito do selo Sunshine Award. Recebi com muito carinho do amigo Antonio Regly, que se descreve como "alguém que Deus deu uma nova chance de viver".  Eu agradeço a Deus por iluminar os caminhos de Antonio, um homem solidário que me apresentou ao Projeto Doe Palavras, a praia de vidro, e todos os dias renova a minha admiração por ele e sua família.


Obrigada, Antonio!


Para encerrar essa postagem especial, segue um provérbio chinês:
'' Volte o seu rosto sempre em direção ao sol e então as sombras ficarão para trás."

Mães: Felicidade hoje, felicidades sempre!

on sábado, 8 de maio de 2010


Ultra
 

Para emoções muito grandes talvez não existam palavras. Estou aqui tentando buscar, mas, palavras, cadê? Talvez elas sejam pequenas demais. Bebê, por exemplo, só tem quatro letras, duas que se revezam com apenas o acréscimo de um acento.                        

Como descrever um sobressalto entre uma ultra-sonografia e o ultra som da voz que avisa? Ele está vindo! A vida fluindo entre líquido amniótico que rareia e lágrimas que escorrem no rosto daquela mulher lavando tudo: Chão, alma, lençol, coração de mãe que se eleva, medo que não pode ser forte, fortaleza que vence em nome de Guilherme. Por um instante o mundo pára e tudo fica pequeno. Só Guilherme é grande e tão enorme que nos paralisa enquanto nos faz correr. 

Foto: Guilherme, primeiro filho de Flávia, nasceu em 21 de fevereiro de 2008. Tuda é  avó, mãe duas vezes. 

Álbum de família



(1977)

Maria: mãe de Tuneco, Mário, Joaquim, Theresa (...);

Theresa: mãe de Nelson, Nair, Mariazinha, Marinho, Toninho, Roberto, Terezinha, Marlene, Aguinaldo e Reinaldo;

Rodrigo, filho de Marlene, recém-nascido.








(2007)

Marlene: mãe de Luciana, Rodrigo e Camila.












(2010)

Jamile: grávida de seu primeiro filho, primeiro filho de Rodrigo, primeiro neto de Marlene e Selma...







Continua...


Vida de novela

on quinta-feira, 6 de maio de 2010


Manoel Carlos, super antenado com o mundo, o mundo do Leblon, faz questão de que todas as suas protagonistas sejam Helenas sofredoras e guerreiras. A atriz Taís Araújo é a Helena da vez, mas, papel principal mesmo ela fez em “Da cor do pecado”, de João Emanuel Carneiro.                                            

A primeira protagonista negra de uma telenovela da Rede Globo poderia chamar-se Maria, Joana, Roberta, mas, Taís Araújo protagonizou, na pele de Preta, uma espécie de Xica da Silva versão 2004. 

Em “Viver a Vida”, a Helena fez um aborto aos 18 anos para prosseguir na carreira de modelo. Casou com o pai de uma rival das passarelas e foi morar na casa amarela, o palácio oficial onde o passatempo do rei é trocar de rainha. Sempre acompanhada de Alice, em seu próprio país das maravilhas, desfilou um legítimo sofrimento doído genuinamente na vida alheia, a dor da irmã, as dores da comunidade da irmã, a dor da enteada mimada que tem a virtude de chorar gargalhando.

Talvez Manoel Carlos tenha imaginado que bastava dar a uma atriz negra o nome de Helena e uma traição conjugal, sem o peso do preconceito, que ela automaticamente viraria heroína e nem precisaria de uma história para chamar de sua. Se a idéia é ser politicamente correto, que tal dar a uma atriz negra um papel principal com trama própria e independente das nossas tristes páginas históricas? 

Vai ver é a criatividade que anda passando por uma fase sofrível. Se pensarmos que Renatinha, a personagem de Bárbara Paz, passou metade da novela correndo atrás da "manguaça" e fugindo de comida enquanto uma carreira de top model internacional a perseguiu e agarrou na marra! Sem meios, aliás, sem meio, Renatinha só tem começo e final feliz. Essa crítica parece deboche de Isabel? O fato é que, verdadeiramente, o grande momento da novela “Viver a Vida” são as inspiradoras histórias reais contadas após cada capítulo. “Sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão*”.
(*) Sei lá, música de Toquinho e Vinícius, tema de abertura da novela Viver a Vida.

Nota

on quarta-feira, 5 de maio de 2010

Prezados amigos:

O Blog "Gostos e Desgostos" será atualizado em poucos dias. A próxima postagem deve ser no Dia das Mães.

Agradeço a compreensão, os e-mails e o carinho.

Um forte abraço a todos,

Luciana Vaz


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