Um pouquinho de ilusão não deixa de ser magia. Que o digam os mágicos! Ontem, o Globo Repórter exibiu um programa sobre uma nação exótica que, não só cultua a bem-aventurança, mas tem um Ministério especialista em Felicidade Interna Bruta. Através de 23 critérios, mesmo que contentamento não tenha medidas exatas, o governo avalia oficialmente os índices do que expressa estado de quem é feliz.
No Butão, os habitantes não precisam de muito dinheiro porque vivem basicamente do que plantam e constroem suas casas em regime de mutirão. Cada esposa do rei aposentado, o que instituiu oficialmente a felicidade no reino, tem o seu próprio palácio. Dependendo do ponto de vista, as quatro mulheres do monarca também estão colhendo o que plantaram e não necessitam carregar fardos pesados para sobreviverem. Ou precisam, afinal, até em contos de fadas princesas sofrem antes de os sapos virarem formosos príncipes.
Na beira da estrada sinuosa que leva à reta da felicidade, a farta maconha serve, literalmente, de comida aos porcos. É o "boa noite cinderela" que garante o "nana nenê dos suínos". Quanto mais o bicho dorme, mais gordinho fica. Não é explícito, mas, parece que, além de pimenta, porco maconheiro é prato principal. No primeiro país que proibiu totalmente o fumo de quaisquer coisas que virem fumaça, o hábito do povo é mascar uma folha com noz importada da Índia e cal. O governo acredita que só teria problemas com a cannabis se a região fosse invadida por estrangeiros. Cobra-se uma taxa alta para gente de fora visitar o reino encantado do Butão e, via grana, afasta-se os perigos do turismo.
Na matéria apresentada por Glória Maria, a impressão é a de que os butaneses detêm a fórmula da felicidade e o privilégio é exclusivo, ou seja, quem não é do Butão precisa nascer de novo para ser feliz. Uma nação que medita e entoa mantras unida, até 10 anos atrás não conhecia uma máquina de loucos chamada televisão. Mas agora tem até apresentador de programa de calouros como ídolo. A diferença é que os artistas de lá apresentam difíceis canções arcaicas e não o bundalelê de outros povões. Cada um tem a felicidade que merece.
As crianças já nascem predestinadas. Melhor dizendo: pré-destinadas. Nos primeiros dias de vida, os bebês são levados aos monges para que os pais saibam tudo sobre o passado e futuro de seus filhos. "Em vidas passadas, sua filha foi uma ladra! Mas nessa existência, será uma mulher de negócios provocadora e ambiciosa". Isso é que é evolução espiritual! Nesse reino que ninguém passa fome, filhos de pais sem dinheiro são destinados aos mosteiros. Entre os preceitos de Educação, o menino de família pobre que acorda atrasado para memorizar milhares de mantras, fica congelando do lado de fora. Mas, antes de virar picolé, o moleque retorna ao destino de garantir o ponto de equilíbrio do povo feliz.
O objetivo desse post não é desrespeitar as tradições do Butão, muito pelo contrário, em todo o planeta há "gente diferenciada". No fundo, somos todos iguais nas diferenças. Somos imperfeitamente cheios de vícios e defeitos. Mesmo num lugar que busca incessantemente a purificação e emana energias positivas, o povo tem lá as mesmas angústias e desejos. E quem não sabe disso? Quem já chegou ao nirvana, que não atire a primeira pedra. Mas qual a graça de apagar as luzes das paixões? É certo que a vida não é feita exclusivamente de emoções fortes, entretanto, não consigo imaginar a consciência sem intimidade com os sentimentos. O que me leva ao "cada cabeça uma sentença", e, enquanto uns filosofam lá e aqui, o mundo não deixa de girar.
Um reinado de sonhos, cujas autoridades se importam mais com a felicidade do povo do que com o PIB, no final das contas, precisa garantir os mesmos ideais como Saúde e Educação. No caminho que a repórter fez para chegar ao topo de uma montanha e conhecer um lugar sagrado (foto), ela encontrou os turistas buscando a tal paz de espírito. Que viagem! De duas, uma: Ou o povo do Butão não precisa ir lá nas alturas para buscar o que já tem e libera a subida para os visitantes que puderem pagar a taxa cobrada pelo governo anfitrião. Ou o grande segredo da felicidade, mesmo aos trancos e barrancos, ainda é a liberdade de simplesmente ser o que é, com ou sem mapa astral.
No Butão, os habitantes não precisam de muito dinheiro porque vivem basicamente do que plantam e constroem suas casas em regime de mutirão. Cada esposa do rei aposentado, o que instituiu oficialmente a felicidade no reino, tem o seu próprio palácio. Dependendo do ponto de vista, as quatro mulheres do monarca também estão colhendo o que plantaram e não necessitam carregar fardos pesados para sobreviverem. Ou precisam, afinal, até em contos de fadas princesas sofrem antes de os sapos virarem formosos príncipes.
Na beira da estrada sinuosa que leva à reta da felicidade, a farta maconha serve, literalmente, de comida aos porcos. É o "boa noite cinderela" que garante o "nana nenê dos suínos". Quanto mais o bicho dorme, mais gordinho fica. Não é explícito, mas, parece que, além de pimenta, porco maconheiro é prato principal. No primeiro país que proibiu totalmente o fumo de quaisquer coisas que virem fumaça, o hábito do povo é mascar uma folha com noz importada da Índia e cal. O governo acredita que só teria problemas com a cannabis se a região fosse invadida por estrangeiros. Cobra-se uma taxa alta para gente de fora visitar o reino encantado do Butão e, via grana, afasta-se os perigos do turismo.
Na matéria apresentada por Glória Maria, a impressão é a de que os butaneses detêm a fórmula da felicidade e o privilégio é exclusivo, ou seja, quem não é do Butão precisa nascer de novo para ser feliz. Uma nação que medita e entoa mantras unida, até 10 anos atrás não conhecia uma máquina de loucos chamada televisão. Mas agora tem até apresentador de programa de calouros como ídolo. A diferença é que os artistas de lá apresentam difíceis canções arcaicas e não o bundalelê de outros povões. Cada um tem a felicidade que merece.
As crianças já nascem predestinadas. Melhor dizendo: pré-destinadas. Nos primeiros dias de vida, os bebês são levados aos monges para que os pais saibam tudo sobre o passado e futuro de seus filhos. "Em vidas passadas, sua filha foi uma ladra! Mas nessa existência, será uma mulher de negócios provocadora e ambiciosa". Isso é que é evolução espiritual! Nesse reino que ninguém passa fome, filhos de pais sem dinheiro são destinados aos mosteiros. Entre os preceitos de Educação, o menino de família pobre que acorda atrasado para memorizar milhares de mantras, fica congelando do lado de fora. Mas, antes de virar picolé, o moleque retorna ao destino de garantir o ponto de equilíbrio do povo feliz.
O objetivo desse post não é desrespeitar as tradições do Butão, muito pelo contrário, em todo o planeta há "gente diferenciada". No fundo, somos todos iguais nas diferenças. Somos imperfeitamente cheios de vícios e defeitos. Mesmo num lugar que busca incessantemente a purificação e emana energias positivas, o povo tem lá as mesmas angústias e desejos. E quem não sabe disso? Quem já chegou ao nirvana, que não atire a primeira pedra. Mas qual a graça de apagar as luzes das paixões? É certo que a vida não é feita exclusivamente de emoções fortes, entretanto, não consigo imaginar a consciência sem intimidade com os sentimentos. O que me leva ao "cada cabeça uma sentença", e, enquanto uns filosofam lá e aqui, o mundo não deixa de girar.
Um reinado de sonhos, cujas autoridades se importam mais com a felicidade do povo do que com o PIB, no final das contas, precisa garantir os mesmos ideais como Saúde e Educação. No caminho que a repórter fez para chegar ao topo de uma montanha e conhecer um lugar sagrado (foto), ela encontrou os turistas buscando a tal paz de espírito. Que viagem! De duas, uma: Ou o povo do Butão não precisa ir lá nas alturas para buscar o que já tem e libera a subida para os visitantes que puderem pagar a taxa cobrada pelo governo anfitrião. Ou o grande segredo da felicidade, mesmo aos trancos e barrancos, ainda é a liberdade de simplesmente ser o que é, com ou sem mapa astral.
Ensinamentos oportunos: Budismo - "A dor é universal" ."Zen tupiniquim" - "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".
Imagem: Do site "As fotos de casas", um mosteiro do século XVII construído na encosta de um precipício.
Observação: Hilária glória foi Maria noticiando cheia de empolgação que o rei da ativa é o mais jovem do mundo e, "atenção meninas, lindo e solteiro"! Atenção, Glória Maria! O monarca vai se casar em outubro e, ao contrário do ti, ti, ti de outros reinos mais exibidinhos, o do Butão não vai ter luxo e nem celebridades. Desejar felicidades ao discreto casal é redundância? Ou felicidade plena é irreal? Chega de filosofia por hoje!
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