Ainda existem cidades pacatas, dessas que todo mundo se conhece e o playground é a própria rua. Corre daqui, pula de lá, briga de meninos é vaivém, criança valente apanha, bate, depois vai pra casa ouvir conselhos de siso.
Pedro, no auge de seus dez anos de idade, voltou com a face roxa. Garoto que é garoto mal se machuca e já se apronta para um novo corre-corre. Criança não carrega rancores, descarrega energia entretendo-se com a meninice e colecionando cicatrizes de brincadeiras ligeiras.
Meninos danados demoram a dormir. Mas Pedro sentiu dor, não de mágoa, não pelo soco, uma sensação aguda, um incômodo externo, físico. Carinho de avó ajuda, mas, “toda criança tem direito a proteção à vida” e algumas vezes precisa ir ao hospital.
Com carteirinha de plano de saúde, exame daqui, análise de lá, sem resposta alguma. Vaivém, corre-corre confuso de adulto, o pediatra chamado às quatro da tarde chegou às dez da noite. Menino que é menino precisa de doutor em pequeninos.
Infância é o começo, são os primeiros anos. Hoje não tinha criança se divertindo na rua. Pedro morreu após uma infecção generalizada. O enterro é amanhã, às quatro da tarde. Resta agora um exame de consciência de gente crescida.
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