Cidadania Brasileira: Votar seria um ato tragicômico se as zonas fossem nos teatros

on sábado, 1 de março de 2008

Hoje, perguntaram-me: Se você fosse eleita presidente do país, qual seria sua primeira atitude prática? Respondo, simplesmente: Trocaria burocracias e discursos por humanidades, gente!

O que vejo? Um mundo cheio de pessoas engolindo sapos com suas barrigas roncando de fome. Há quem fique discutindo comunismo, capitalismo, socialismo, trocentos "ismos". Até terrorismo tem nesse caldeirão dos infernos! Perguntaram-me, qual é a sua? A minha é qualquer coisa que coloque comida na mesa, crianças na escola, dignidades em geral, porém, sem pedir em troca o sagrado direito da liberdade.

Direitas e esquerdas, centros e vaivéns de vaidades, o que me importa? Vejo políticos valendo mais do que pesam. A miséria é vazia, porém, pesa mais do que o poder, ou não? Quem é quem, que se dane. Não há nobre causa que justifique brutalidades. E discutem limites, se invadiram ou não espaços aéreos, limites? Paciência tem limite! Vidas não têm valor?

O mundo vai acabar e ninguém "pede pra sair", aliás, poucos pedem para ficar. A gente vai vivendo até tudo se esgotar e pronto, acabou. Foi bom pra você? O planeta vai girando em torno de um ou outro umbigo, aliás, sujos, umbigos imundos. Desfilam celebridades políticas e não é possível que elas valham mais do que povos, caramba! Isso é tão óbvio que chega a ser uma afronta não pensar no simples!

Histórias, povos obrigados a escolher entre um prato de comida ou liberdade. Da história saem lições de "glamour", vedetes, vultos históricos, exemplos de coragem. Falemos também das covardias, das lições que não foram aprendidas.
Sejamos simples, curtos e grossos: O mundo precisa esquecer "ismos" e "moneys" e valorizar GENTES. Bushes, Fidéis, Morales, Lulas, Uribes, Chávez, Putins, caracas! Danem-se! Presidentes, ditadores, príncipes, generais, papas, rabinos, pastores, muito blá, blá, blá, poucas providências, algumas já seria divino. Depois que todo mundo puder lavar as mãos e sentar à mesa pra comer, aí sim, por favor, me chamem para as mesas redondas dos debates. 

Para encerrar o assunto, estou postando um texto que escrevi para "O Virtual" da Unimonte, em 2006. Foi escrito enquanto vivíamos, no Brasil,  eleição presidencial, ataques de PCC, início de um caos aéreo sem fim... e passava na TV um comercial do Estadão.

Cidadania Brasileira: Votar seria um ato tragicômico se as zonas fossem nos teatros

O voto deveria ser um instrumento de cidadania poderoso nas mãos do povo. Porém, como os revólveres dos nossos policiais, é uma arma ultrapassada e sem munição. Deveria ser um direito do povo, mas é apenas um dever. Portanto, logo "de cara", vai na contramão da cidadania que, pelo menos teoricamente, deveria ser constituída de direitos e deveres. O que vemos, ou melhor, o que sentimos na pele? Os direitos nas mãos dos eleitos e os deveres nas mãos do trabalhador. O voto deveria ser uma arma nas mãos de quem realmente constrói ou tenta construir um país. Só que o tiro sempre sai pela culatra, ou melhor, a mira está sempre apontada para nós e pelos políticos.
 
Em eleições passadas, trocamos o FHC pelo Lula e nos enchemos de esperança, principalmente, sonhamos com mudanças. Uns dizem que foi menos mau, outros que foi pior, mas, se pensarmos que continuamos desiludidos, ora mais com corrupção do que com miséria, ora mais com miséria do que com corrupção, apenas "trocamos seis por meia dúzia".
 
Daí, vem o pessoal do “Movimento Voto Consciente” dizer que tem a missão de "mostrar ao cidadão seus deveres na democracia: Votar, Cobrar e Participar". Eu pergunto: Quem é cidadão nesse país? Quem, de fato, tem seus direitos e deveres assegurados? Nem mesmo os políticos, já que eles detêm os direitos. Votar em quem? Cobrar de quem se nem formamos cidadãos? Cobrar dos políticos seus direitos e mais deveres para nós, "o povão"? Participar que horas, se a maioria da população passa a maior parte do seu tempo atrás de subsistência?
 
Quando o povo não está trabalhando formalmente, está fazendo um "bico", tentando sobreviver de um subemprego ou pedindo esmola mesmo. Quando não está no ônibus lotado tentando voltar para casa, está parado com seu carro em um congestionamento e, se tiver dinheiro, tem a sorte de estar num veículo blindado. Quando precisa voar, primeiro encara a fila do caos ainda em solo, em meio à bagunça dos aeroportos. Em seguida reza para não morrer no caos aéreo. Grande parte da população está em lugares tão longínquos que político só aparece por lá em ano de eleição para trocar voto por dentadura ou cesta básica. Isso quando as pessoas não estão morrendo nas filas dos hospitais, na angústia de não ter o que comer ou de bala perdida mesmo. E ainda tem que participar, cobrar e votar.
 
Nas últimas eleições presidenciais, as pesquisas do Datafolha apontavam o maior número de intenções de votos para Lula, Alckmin e Garotinho, nessa ordem. Se havia mais algum candidato, nem aparecia nas tais pesquisas. O pior é que havia, pelo menos é o que dizem por aí. Eu pergunto: é o povo que não sabe votar? Existe alguma opção?
 
O Lula diz que o país está crescendo. Ele reclamava do FHC, que viajava muito, mas tem mais horas de vôo do que qualquer piloto ou comissário de bordo. Aliás, nesse país, só o Lula e o Fernandinho Beira-mar não pegam fila pra voar. O Lula voa tanto que "viajou" na questão da Varig. Algumas vezes, nos dá a impressão de que ele nem sabe o que se passa aqui no Brasil. O estado de São Paulo esteve literalmente pegando fogo - fogo nos colchões dos presídios, fogo nos ônibus, fogo na polícia, fogo na população - e ele mandou o ministro oferecer uma ajudinha para o governador, caso ele precisasse.
 
Quem? O governador? Mas o Alckmin, aquele que prometeu muita segurança para os paulistas, deixou o Governo de São Paulo praticamente acéfalo para ser candidato a presidente! E o Garotinho? Sabe aquela campanha publicitária de um grande jornal, exibida atualmente na televisão, que diz assim: se você pensa "inho", aproveite esses 30 segundos e vá fazer xixi? A propaganda é ruim, mas pode ter lá alguma razão. E vale ressaltar que, entre os três candidatos que tivemos conhecimento estar no páreo, o Lula se reelegeu. Dá licença, mas vou fazer um xixizinho. 

3 comentários:

Lino Tavares disse...

Li tudo e apreciei como merece ser apreciado, amiga Lu.
Sintetizando o que penso sobre esse estado de coisas adversas para o convívio social, eu diria que o eleitor deve fazer greve, ou seja, não votar, formalizando seu protesto contra a politica fajuta dos dias atuais. Assim agem os trabalhadores quando querem aumento salarial ! INFELIZMENTE, O BRASIL PROGREDIU APENAS EM TEMPOS DE REGIMES FECHADOS E SEMI-FECHADOS - DITADURA VARGAS E PRESIDENTES MILITARES ELEITOS INDIRETAMENTE. O resto foram desmandos em cima de desmandos (Caso PC Farias, Compra de parlamentares nos governos tucano e petista, etc)
Abrs
Lino Tavares

Lino Tavares disse...

jornalino@gmail.com
Lino Tavares
Acesso em resposta a matéria contida no Blog chegado ao meu e-mail

Anônimo disse...

Depois de tudo que conversamos lá no dihitt, vc me prega uma peça. Eu não tinha pensado em legitimar o não votar, não eleger, como ato de protesto popular com a conotação de greve. Só me resta refletir muito. Mas acho que o progresso não justifica ditaduras e eleições indiretas. O poder precisa ficar na mão do povo, que é o maior interessado. A eleição indireta não é garantia de algo positivo, aliás, até hoje não se sabe exatamente qual foi o fim de Tancredo Neves, que era digno de nosso entusiasmo e de nossa esperança. Vou continuar refletindo, meu amigo! E agradeço demais esse papo com vc. Muito bom, de verdade! Beijão da Lu.

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